terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Como se forma a neblina?


A neblina é formada pela suspensão de minúsculas gotículas de água numa camada de ar próxima ao chão. Ou seja, a neblina nada mais é do que uma nuvem em contato com o solo. Esse fenômeno, também conhecido como nevoeiro, é mais comum em lugares frios, úmidos e elevados e ocorre devido à queda da temperatura e à conseqüente condensação do vapor d’água junto ao solo. A condensação, também chamada de liquefação, é a transformação da água em estado gasoso (vapor) para o líquido quando submetida a um resfriamento. O processo é parecido com o que rola nos automóveis no frio, quando a temperatura dentro do carro fica maior do que a externa. O vidro, em contato com o frio externo, permanece gelado. Quando o vapor suspenso no interior entra em contato com o pará-brisa, ele se condensa e embaça o vidro. Às vezes, a neblina é tão forte que até aeroportos precisam ser fechados, mas isso depende dos aparelhos de auxílio ao pouso e decolagem que cada aeroporto tem. Veja abaixo as situações mais comuns que dão origem a nevoeiros.


Revista Mundo Estranho

Qual é a árvore com a maior circunferência do mundo?


Essa gordinha vegetal tem nome e endereço: é conhecida como árvore de Tule e fica na vila de mesmo nome na cidade de Oaxaca, no coração do México. A tal árvore rechonchuda é um cipreste da espécie Taxodium mucronatum, cujo caule tem nada menos que 58 metros de circunferência, o que torna necessárias 17 pessoas, de mãos dadas e braços bem abertos, para dar a volta em torno do seu tronco. Se ele fosse oco, uma casa confortável poderia ser construída dentro do tronco. Botânicos acreditam que a árvore de Tule tenha entre 1430 e 1600 anos, mas não sabem quanto tempo ela ainda tem de vida. "Não há registros históricos nem dados científicos para saber até quantos anos ela pode viver. Mas sabe-se que o cipreste não pára de crescer com a idade", diz o botânico Bruno Irgan, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Para evitar que a árvore de Tule tenha o mesmo fim de outro gigante cipreste mexicano, o El Sargento - que não resistiu à seca do solo e à poluição -, foi construído um sistema de irrigação para regá-la e uma cerca de ferro para protegê-la.

Revista Mundo Esranho

Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização das Nações Unidas.

“ Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de Razão e Consciência, devem agir uns para com os outros em Espírito de Fraternidade.”

O mar de Aral está mesmo encolhendo? Por quê?


Não só está encolhendo como pode desaparecer do mapa até 2010. Tudo porque, na década de 60, o governo soviético achou mais lucrativo desviar os rios Amu Daria e Sir Daria, que alimentavam o mar de Aral, para irrigar plantações de algodão. Resultado: em quatro décadas, esse mar interior - que um dia provavelmente já foi ligado aos oceanos do planeta - perdeu três quartos do seu volume, sua profundidade baixou 19 metros e a área ocupada por suas águas foi reduzida a 40% da original. Para ter uma idéia do desastre, imagine que, nos anos 50, o mar de Aral, então o quarto maior mar interior do mundo, tinha o tamanho dos estados do Rio de Janeiro e Alagoas juntos. Hoje, o que restou equivale apenas ao território alagoano. Para complicar, a água evaporou, mas o sal ficou, tornando o mar salgado demais para os peixes. Além disso, os agrotóxicos usados nas plantações de algodão contaminaram o que sobrou de água e acabaram com a pesca, que era a base da economia da região. E o pior é que não há perspectivas de melhora da situação, mesmo porque faltam recursos para programas de recuperação e até a geografia propicia a catástrofe. "Como a região é tectonicamente ativa, podem aparecer fraturas na superfície, sugando ainda mais a água", diz o geógrafo Archimedes Perez Filho, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Revista Mundo Estranho

Qual foi a pior erupção de vulcão do mundo?


Se a gente considerar como "pior" a erupção que matou mais gente, a trágica campeã foi a do vulcão Tambora, na ilha de Sumbawa, na Indonésia. Ele acordou do seu sono em 1815, numa explosão que matou 92 mil pessoas! Além de terrivelmente letal, o despertar do Tambora também foi superpotente: ele atingiu nível 7 no índice de explosividade vulcânica, uma escala que mede a intensidade das erupções e varia entre 0 e 8. "Uma explosão como essa só ocorre uma vez em milhares de anos. Os fluxos de lava e rochas chegaram ao oceano e provocaram explosões secundárias nas ilhas próximas", afirma o geólogo Carlos Augusto Sommer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Depois da catástrofe, a montanha do vulcão ficou com metade da altura que tinha e formou uma enorme cratera, hoje cheia d’água. O século 19, aliás, foi um dos que concentraram algumas das piores erupções de todos os tempos. A famosa explosão do Krakatoa, na Indonésia, fez 36 mil vítimas em 1883. A do monte Pelée, no comecinho do século 20, deixou 29 mil mortos carbonizados por uma enxurrada de substâncias quentes na ilha de Martinica, na América Central. Mais recentemente, em 1985, uma explosão relativamente pequena, a do vulcão Nevado Del Ruiz, na Colômbia, fez com que uma geleira derretesse e soterrasse o povoado de Armero, matando 23 mil pessoas. Um desastre considerável, sem dúvida, mas nada que se compare à explosão do Tambora. No infográfico destas páginas, a gente segue o rastro quente de destruição da "mãe" de todas as erupções.

Revista Mundo Estranho

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Português-10 temas essenciais


Redação e respostas das questões discursivas
Abaixo algumas características esperados dos vestibulandos ao redigir um texto - que pode ser a resposta discursiva de uma questão ou mesmo a redação.

-1)Análise e interpretação de texto: Pode ser através de uma crônica de jornal, da literatura tradicional ou de uma poesia. O importante é saber ler, compreender e apresentar sua capacidade de raciocínio relacionando textos verbais e visuais, temáticos e figurativos. "As faculdades sabem que um bom leitor será um bom universitario. Às vezes o aluno sabe a matéria e mesmo assim erra, mas é porque ele não sabe interpretar o que leu", diz Maria Lourdes. Uma dica é identificar as palavras-chaves do texto e questionar-se sobre o tema exposto.

-2)Coerência e coesão: São os principais instrumentos para fazer uma redação que seja clara, compreensível e que transmita determinada idéia. Além disso, essas duas características são essenciais na interpretação de texto da prova da português. A resposta deve ser coerente com suas idéias, em relação ao seu objetivo, ao leitor que pretende atingir e ao gênero textual que está desenvolvendo.


-3)Intertextualidade: É comum encontrar, nas provas, referências de um texto em outro. "A correlação entre significados de dois assuntos no cenário cultural está em todo vestibular", diz Platão. "É importante questionar, nesse caso, se os autores querem dizer a mesma coisa".

Gramática
Apesar de raramente cair na prova questões específicas sobre regras gramaticais, existem temas essenciais que são abordados com freqüência dentro de questões sobre interpretação de texto. "O que se espera do estudante é que ele saiba utilizar a gramatica aplicada ao dia-a-dia", diz Maria Lourdes.

-4)Ambigüidade: Admitir mais de um sentido ao contexto compromete a compreensão de todo o conteúdo, gera dúvidas e até conclusões equivocadas. "Ambigüidade é um dos temas mais abordados ao longo das provas, seja para escrever uma redação, uma análise de texto ou uma resposta simples", garante a professora do Objetivo.

-5)Correlação verbal: "É preciso ficar atento ao uso dos tempos e modos. Merece uma atenção especial aqueles casos em que existe descompasso entre a variante culta e as populares, como é o caso de 'ter', 'ver' e derivados", atenta Liliana.

6)Modo imperativo: O mais comum de se explorar o tema na prova é na mistura de tratamento. "Uma frase como 'me liga que eu quero falar com você' pode ser abordada. Numa questão dessa, o aluno pode mostrar ainda que sabe fazer a colocação do pronome na frase".


-7)Estilística: As questões sobre figura de linguagem, figura de pensamento e figura de sintaxe são temas presentes em vestibulares, seja em questões pontuais ou dentro de um texto explorado pela prova.

Literatura
"É com a literatura que os vestibulares avaliam o candidato que tem capacidade de entender o que lê e de aplicar o que sabe, e não o que decora", avisa Maria Lourdes. Vejas os temas mais prováveis de aparecer na prova:


-8)Machado de Assis: "O centenário de morte do autor é um forte indicativo de que os vestibulares focarão suas obras e sua influência", aposta a professora Liliana. "Dom Casmurro", "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e "Memorial de Aires" são livros de Machado que figuram nas listas dos processos seletivos.

-9)Guimarães Rosa: Os cem anos de nascimento do autor também deve marcar presença nas avaliações. "Pode cair na prova uma questão que peça para o vestibulando relacionar temas de 'Sagarana' com 'Dom Casmurro'. Além disso, pode haver perguntas sobre simbologia", indica Maria Lourdes. Ela exemplifica com o conto "O Burrinho Pedrês": "nesse caso, o aluno deve identificar símbolos como cautela e sabedoria no texto".

10)Movimentos literários: Os vestibulares se concentram em três movimentos principais: romantismo, realismo e modernismo. Uma dica para estudar os movimentos e aprofundar em determinada geração é checar em qual deles estão inseridos os autores das listas de livros recomendados para leitura do seu vestibular.

Revista Vestibular

Dicas de Português


Até as 22h ou até às 22h?
"O resultado das eleições será conhecido até as 22h".A maioria dos estudantes, ao escrever uma frase parecida com a apresentada no título, ficaria em dúvida quando a colocar ou não o acento grave indicador de crase em "as 22h". Acredito que colocariam o acento. E você, caro internauta, colocaria o acento grave ou não? Vamos à explicação: o vocábulo crase provém do grego krâsis, cujo significado é ação de misturar, mistura de elementos que se combinam num todo. Para nós, lusófonos, é a contração da preposição a com os artigos definidos a, as ou com os pronomes demonstrativos a, as, aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo:
a + a = à
a + as = às
a + aquele = àquele
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquiloVejamos alguns exemplos:1. "Nunca obedeci àquele homem, pois não o respeito" (quem obedece, obedece a alguém);2. "Assisti à peça teatral escrita por Mário Bortoloto" (quem assiste, no sentido de ver, assiste a algo);3. "Não aspiro àquela vaga, mas à que foi ocupada por Oriolando" (quem aspira, no sentido de desejar muito, aspira a algo);4. "Cheguei ao cinema às 19h50" (chegar, ao indicar hora exata, exige a preposição a).Ocorre, porém, que, em muitas situações, outra preposição é usada, e não o a. Quando isso ocorrer, não haverá o acento indicador de crase, em virtude da falta da preposição a. Vejamos alguns exemplos:1. "Cheguei após as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição após;2. "Estou aqui desde as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição desde.Há, porém, uma preposição que admite a preposição a ao seu lado: é a preposição até. Vejamos alguns exemplos:1. "Ontem, fomos até o parque caminhar" (ou até ao parque);2. "Dormi até o meio-dia" (ou até ao meio-dia).Tal combinação não é obrigatória; é, aliás, desnecessária. A combinação de até com a acontece com o objetivo de evitar ambigüidade, ou seja, evitar duplo sentido na frase, pois o vocábulo até, além de ser preposição, também pode ser advérbio com o sentido de inclusive. Às vezes, não há como saber qual dos dois foi usado. Veja o seguinte exemplo:"A enchente inundou o bairro todo, até a igreja"Não dá para saber o sentido exato da frase. Há duas situações:- A enchente inundou o bairro todo, mas não a igreja: chegou até ela e parou;- A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja.Se a primeira opção for a verdadeira, até é preposição; se for a segunda, advérbio. Caso a verdadeira seja a primeira opção, recomenda-se o uso da preposição a em combinação com até, evitando, assim, o duplo sentido: "A enchente inundou o bairro todo, até à igreja".Caso a verdadeira seja a segunda opção, recomenda-se o uso de inclusive: "A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja".A frase apresentada no início do texto não apresenta ambigüidade. Pode-se, portanto, usar o acento indicador de crase, mas não há necessidade dele. "O resultado das eleições será conhecido até as 22h".A maioria dos estudantes, ao escrever uma frase parecida com a apresentada no título, ficaria em dúvida quando a colocar ou não o acento grave indicador de crase em "as 22h". Acredito que colocariam o acento. E você, caro internauta, colocaria o acento grave ou não? Vamos à explicação: o vocábulo crase provém do grego krâsis, cujo significado é ação de misturar, mistura de elementos que se combinam num todo. Para nós, lusófonos, é a contração da preposição a com os artigos definidos a, as ou com os pronomes demonstrativos a, as, aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo:
a + a = à
a + as = às
a + aquele = àquele
a + aqueles = àqueles
a + aquela = àquela
a + aquelas = àquelas
a + aquilo = àquiloVejamos alguns exemplos:
1. "Nunca obedeci àquele homem, pois não o respeito" (quem obedece, obedece a alguém);
2. "Assisti à peça teatral escrita por Mário Bortoloto" (quem assiste, no sentido de ver, assiste a algo);
3. "Não aspiro àquela vaga, mas à que foi ocupada por Oriolando" (quem aspira, no sentido de desejar muito, aspira a algo);
4. "Cheguei ao cinema às 19h50" (chegar, ao indicar hora exata, exige a preposição a).
Ocorre, porém, que, em muitas situações, outra preposição é usada, e não o a. Quando isso ocorrer, não haverá o acento indicador de crase, em virtude da falta da preposição a. Vejamos alguns exemplos:
1. "Cheguei após as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição após;
2. "Estou aqui desde as 7h": não há o acento indicador de crase, pois, no lugar da preposição a, usou-se a preposição desde.
Há, porém, uma preposição que admite a preposição a ao seu lado: é a preposição até. Vejamos alguns exemplos:
1. "Ontem, fomos até o parque caminhar" (ou até ao parque);
2. "Dormi até o meio-dia" (ou até ao meio-dia).
Tal combinação não é obrigatória; é, aliás, desnecessária. A combinação de até com a acontece com o objetivo de evitar ambigüidade, ou seja, evitar duplo sentido na frase, pois o vocábulo até, além de ser preposição, também pode ser advérbio com o sentido de inclusive. Às vezes, não há como saber qual dos dois foi usado.
Veja o seguinte exemplo:
"A enchente inundou o bairro todo, até a igreja"
Não dá para saber o sentido exato da frase. Há duas situações:
- A enchente inundou o bairro todo, mas não a igreja: chegou até ela e parou;
- A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja.
Se a primeira opção for a verdadeira, até é preposição; se for a segunda,
advérbio. Caso a verdadeira seja a primeira opção, recomenda-se o uso da preposição a em combinação com até, evitando, assim, o duplo sentido:
"A enchente inundou o bairro todo, até à igreja".
Caso a verdadeira seja a segunda opção, recomenda-se o uso de inclusive: "A enchente inundou o bairro todo, inclusive a igreja".
A frase apresentada no início do texto não apresenta ambigüidade. Pode-se, portanto, usar o acento indicador de crase, mas não há necessidade dele.
Revista Educação

Alimentação

Temperatura do corpo, gorduras, carboidratos e proteínas

Você já percebeu que a temperatura do seu corpo permanece quase sempre a mesma, com pequenas variações? Normalmente a temperatura de nossos corpos fica em torno de 37o C, seja em locais frios ou quentes. Na realidade nosso organismo produz energia térmica que nos mantém aquecidos. Mas você pode se perguntar: como produzimos essa energia?

E a resposta é simples: por meio da alimentação. Essa energia, utilizada
para aquecer os corpos, andar, correr, pular e fazermos tudo o que quiser é obtida por um processo conhecido como respiração celular. Trata-se de uma reação química, um tipo de combustão, que ocorre no interior de cada uma das nossas células. A glicose, obtida pela alimentação, reage com o oxigênio, obtido pela respiração, liberando energia e produzindo água e gás carbônico.

Os cientistas sabem que quantidade de calor é produzida por uma certa quantidade de alimento. Veja: uma das formas de medir calor que conhecemos é a caloria. Uma caloria é a quantidade de energia térmica necessária para elevar em um grau a temperatura de um grama de água. Uma barrinha de cereal não está "quente", mas e tem 80 calorias. O que é então a caloria dos alimentos?


Energia química e energia térmica
As ligações químicas existentes entre os átomos dos compostos que formam os alimentos "guardam" energia química, que pode vir a ser transformada em energia térmica. Se aquela barrinha de cereal for toda convertida em energia térmica, ela irá elevar em oitenta graus a temperatura de um grama de água, ou elevar a temperatura de 80 gramas de água em um grau.

Entretanto, muitas vezes comemos e armazenamos alimentos na forma de gordura, pois não estamos precisando de energia naquele momento e fazemos uma "poupança para o futuro".

Calor é energia térmica em trânsito entre dois corpos. Podemos dizer, genericamente, que o calor é uma forma de energia. Nossos músculos também precisam de energia para realizar seus movimentos e com isso ficamos aquecidos. Gastamos energia quando corremos, pulamos, nadamos, pedalamos. Então, fazer exercícios "queima calorias", gasta energia armazenada. Contudo, mesmo quando estamos descansando gastamos energia para manter nosso coração batendo, os rins funcionando, nosso cérebro pensando ou sonhando e nossos pulmões bombeando gases. Até mesmo quando estão parados, nossos músculos necessitam de energia.


Gorduras e carboidratos
Experimentalmente, os cientistas provaram que alguns tipos de alimentos fornecem mais energia que outros, como é o caso das gorduras e carboidratos. Os açúcares e o amido são conhecidos como carboidratos. Não é difícil saber quando estamos nos alimentando de alimentos ricos açúcar: tudo o que é doce ou adocicado contém açúcar - mel, doces, laranja, banana, maçã, uvas, líquidos adoçados, etc.

Já os alimentos farináceos são aqueles ricos em amido: macarrão, bolo, pão, batatas, arroz, os diferentes cereais. Como a respiração celular é uma combustão, podemos dizer que os carboidratos são o "combustível" dos nossos corpos. Após a digestão, são absorvidos na forma de açúcares mais simples (glicose).

A manteiga, a margarina, o azeite, os óleos e as frituras em geral são alimentos gordurosos. As carnes possuem gorduras, porém alguns tipos de carne possuem muito mais gordura que outras. Ovos, sementes e queijo também são alimentos que possuem gordura. As gorduras ou lipídeos são muito importantes para a formação das membranas celulares e são utilizadas como fonte de energia na falta dos carboidratos.

As gorduras e os carboidratos são compostos pelos mesmos elementos químicos (carbono, hidrogênio e oxigênio). Entretanto, as quantidades de cada elemento, em seus grupamentos atômicos, são diferentes. As gorduras possuem menor quantidade de oxigênio que os carboidratos.

Nos alimentamos principalmente de carboidratos. Então, nossa energia vem desses alimentos, classificados, juntamente com as gorduras, como alimentos energéticos.


Trabalho e clima
A quantidade de alimentação que uma pessoa necessita depende do tipo de vida e da região que habita. Pessoas cujo trabalho "usa" muito o corpo, que fazem muito esforço físico (carpir um terreno, juntar o gado, jogar futebol), precisam de maior quantidade de energia do que aquelas que realizam trabalhos sedentários, como ficar sentado na frente de uma escrivaninha usando o computador ou escrevendo um livro (isso também vale para quem só se diverte jogando videogame...).

Do mesmo modo, as pessoas que vivem em regiões de clima frio alimentam-se de comidas mais gordurosas do que os indivíduos que vivem em regiões de clima quente, pois seus corpos gastam maior quantidade de energia para manter-se aquecidos.


Proteínas e aminoácidos
Outros tipos de alimento possibilitam o crescimento e a manutenção de nossos corpos. Estes alimentos são conhecidos como alimentos plásticos, pois se destinam a formar nossos organismos e a substituir as perdas sofridas por eles. As proteínas que compõe os nossos corpos formam-se no interior de nossas células a partir dos aminoácidos, pequenos grupamentos atômicos obtidos em parte pela alimentação.

São necessários vinte diferentes aminoácidos para que nossos corpos produzam milhares de proteínas. Os alimentos que contém proteínas fornecem os oito aminoácidos que não somos capazes de produzir (aminoácidos essenciais) e possibilitam aos nossos corpos renovar o sangue, fazer certos materiais que mantém nossos corpos funcionando bem, cicatrizar nossas feridas, etc. Muitos alimentos contêm proteínas: carnes, leite, queijo, ovos, peixe e alguns vegetais, como soja e feijão.

A proteína pode ser considerada a base para a construção de nossos corpos. Os aminoácidos não são armazenados no organismo, sendo necessário ingerir constantemente alimentos que contenham proteínas. Os grupamentos atômicos das proteínas são formados por carbono, hidrogênio e oxigênio, como os carboidratos e gorduras. Entretanto, as proteínas possuem também o nitrogênio. Por vezes contém também fósforo e enxofre. Mas os resíduos de dieta protéica são ricos em compostos nitrogenados, os quais são tóxicos para o organismo.

Enfim, podemos observar que todos os alimentos são plásticos e energéticos ao mesmo tempo, embora alguns sejam mais plásticos que energéticos e outros mais energéticos que plásticos.
Revista Educação

Abelhas

Morfologia das produtoras de mel
Quem aprecia uma boa colherada de mel com frutas e iogurte no café da manhã tem muito o que agradecer às abelhas. O mel nosso de cada dia é produzido por elas e muitas das frutas que consumimos só chegam às nossas mesas graças à polinização realizada por esses insetos.

Além do mel, outros produtos apícolas são utilizados pelos seres humanos, como a cera, o pólen e a geléia real. A vida das abelhas - em uma sociedade altamente organizada - garante a elaboração de tais produtos.


Características morfológicas
As abelhas, assim como as vespas e as formigas, são insetos pertencentes à ordem Hymenoptera. O nome da ordem é uma palavra de origem grega e se refere à presença de asas membranosas. O grupo das abelhas, vespas e

-formigas é caracterizado por:


-antenas bem desenvolvidas;

-partes bucais geralmente alongadas e modificadas para a ingestão de néctar das flores (as mandíbulas permanecem funcionais);

-tórax reduzido, geralmente fundido ao primeiro segmento abdominal;

-constrição entre o primeiro e o segundo segmentos abdominais;

-fêmeas com ovipositor geralmente modificado para cortar, perfurar ou picar.



Metamorfose das abelhas
Os insetos da ordem Hymenoptera passam por uma metamorfose completa durante o desenvolvimento. Outros insetos também sofrem metamorfose completa. Você já deve ter visto uma lagarta e uma borboleta. Elas nada mais são do que estágios diferentes no desenvolvimento da borboleta.

A lagarta é a larva da borboleta. Os insetos que sofrem metamorfose completa são chamados de holometábolos. Nesse tipo de metamorfose encontramos quatro tipos de estágios: ovo, larva, pupa e adulto. Durante a metamorfose os insetos sofrem uma mudança radical em suas formas, tecidos e órgãos.

Cynthia Santos*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Revista Educação

sábado, 20 de dezembro de 2008

Aristóteles

O mundo da experiência, as quatro causas, ética e política

Estátua de Aristóteles diante da Universidade de Freiburg, na Alemanha


Em 1996, descobriu-se em Atenas, Grécia, o sítio arqueológico onde funcionou o Liceu - a escola fundada por Aristóteles (384-322 a.C.), para concorrer com a Academia, a escola anterior, fundada por seu antigo professor, Platão (427-347 a.C.). A fundação do Liceu não reflete nenhuma ingratidão do discípulo com seu mestre, que por sinal já havia morrido cerca de dez anos quando a escola aristotélica surgiu (336 a.C.).

Aluno de Platão, a quem reconhecia o gênio, Aristóteles passou a discordar de uma idéia fundamental de sua filosofia e, então, o pensamento dos dois se distanciou. Talvez seja esse o ponto de partida para se falar da obra filosófica aristotélica.

Platão concebia a existência de dois mundos: aquele que é apreendido por nossos sentidos - por assim dizer, o mundo concreto -, que está em constante mutação; e um outro mundo - abstrato -, o mundo das idéias, imutável, independente do tempo e do espaço, que nos é acessível somente pelo intelecto.


O mundo da experiência
Para Aristóteles, existe um único mundo: este em que vivemos. Só nele encontramos bases sólidas para empreender investigações filosóficas. Aliás, é o nosso deslumbramento com este mundo que nos leva a filosofar, para conhecê-lo e entendê-lo.

Aristóteles sustenta que o que está além de nossa experiência não pode ser nada para nós. Nesse sentido, ele não acreditava e não via razões para acreditar no mundo das idéias ou das formas ideais platônicas.

Porém, conhecer o mundo da experiência, "concreto", foi um desejo ao qual Aristóteles se entregou apaixonadamente. Assim, ele descreveu os campos básicos da investigação da realidade e deu-lhes os nomes com que são conhecidos até os nossos dias: lógica, física, política, economia, psicologia, metafísica, meteorologia, retórica e ética.

Aliás, ele inventou também os termos técnicos dessas disciplinas e eles também se mantêm em uso desde então. Exemplos? Energia, dinâmica, indução, demonstração, substância, essência, propriedade, categoria, proposição, tópico, etc.


O que é ser?
Filósofo que sistematizou a lógica, Aristóteles definiu as formas de inferência que são válidas e as que não são, além de nomeá-las. Durante dois milênios, estudar lógica significou estudar a lógica aristotélica.

Aristóteles aplicou a lógica, antes de mais nada, para responder a uma questão que lhe parecia a mais importante de todas: o que é ser?, ou, em outras palavras, o que significa existir? Primeiramente, o filósofo constatou que as coisas não são a matéria de que se constituem.

Por exemplo, uma pilha de telhas, outra de tijolos, vigas e colunas de madeira não são uma casa. Para se tornarem casa, é necessário que estejam reunidas de um modo determinado, numa estrutura muito específica e detalhada. Essa estrutura é a casa; e os materiais, embora necessários, podem variar.

Com o tempo, nosso corpo está em constante mutação - transforma-se da infância para adolescência, desta para a idade adulta e, finalmente, para a velhice. Nem por isso deixamos de ser nós mesmos. Da mesma maneira, um cão é um cão em virtude de uma organização e estrutura que ele compartilha com outros cães e que o diferencia de outros animais que também são feitos de carne, pelos, ossos, sangue...


As quatro causas
Para Aristóteles uma coisa é o que é devido a sua forma. Como, porém, o filósofo entende essa expressão? Ele compreende a forma como a explicação da coisa, a causa de algo ser aquilo que é. Na verdade, Aristóteles distingue a existência de quatro causas diferentes e complementares:


Causa material: de que a coisa é feita? No exemplo da casa, de tijolos.

Causa eficiente: o que fez a coisa? A construção.

Causa formal: o que lhe dá a forma? A própria casa.

Causa final: o que lhe deu a forma? A intenção do construtor.

Embora Aristóteles não seja materialista (vimos que a forma não é a matéria), sua explicação do mundo é mundana, está no próprio mundo. Finalmente, para o filósofo, a essência de qualquer objeto é a sua função. Diz ele que, se o olho tivesse uma alma, esta seria o olhar; se um machado tivesse uma alma, esta seria o cortar. Entendendo isso, entendemos as coisas.

Mas o pensamento aristotélico não se limitou a essa área da filosofia que podemos chamar de teoria do conhecimento ou epistemologia. Deixando de lado os domínios que deram origem a outras ciências e nos limitando à filosofia propriamente dita, Aristóteles ainda refletiu sobre a ética, a política e a poética (que, no caso, compreende não apenas a poesia, mas a obra literária e teatral).


Ética e política
No campo da ética, segundo Aristóteles, todos nós queremos ser felizes no sentido mais pleno dessa palavra. Para obter a felicidade, devemos desenvolver e exercer nossas capacidades no interior do convívio social.

Aristóteles acredita que a auto-indulgência e a autoconfiança exageradas criam conflitos com os outros e prejudicam nosso caráter. Contudo, inibir esses sentimentos também seria prejudicial. Vem daí sua célebre doutrina do justo meio, pela qual a virtude é um ponto intermediário entre dois extremos, os quais, por sua vez, constituem vícios ou defeitos de caráter.

Por exemplo, a generosidade é uma virtude que se situa entre o esbanjamento e a mesquinharia. A coragem fica entre a imprudência e a covardia; o amor-próprio, entre a vaidade e a falta de auto-estima, o desprezo por si mesmo. Nesse sentido, a ética aristotélica é uma ética do comedimento, da moderação, do afastamento de todo e qualquer excesso.

Para Aristóteles, é a ética que conduz à política. Segundo o filósofo, governar é permitir aos cidadãos viver a vida plena e feliz eticamente alcançada. O Estado, portanto, deve tornar possível o desenvolvimento e a felicidade do indivíduo. Por fim, o indivíduo só pode ser feliz em sociedade, pois o homem é, mais do que um ser social, um animal político - ou seja, que precisa estabelecer relações com outros homens.


O papel da arte
A poética tem, para Aristóteles, um papel importantíssimo nisso, na medida em que é a arte - em especial a tragédia - que nos proporciona as grandes noções sobre a vida, por meio de uma experiência emocional. Identificamo-nos com os personagens da tragédia e isso nos proporciona a catarse, uma descarga de desordens emocionais que nos purifica, seja pela piedade ou pelo terror que o conflito vivido pelas personagens desperta em nós.

Tudo isso é, evidentemente, um resumo ultra-sintético do pensamento aristotélico. Sua obra é gigantesca, apesar de a maior parte dela ter se perdido ao longo dos tempos. O que chegou até nós corresponde a 1/5 de sua produção. São notas suas e de seus discípulos que passaram nas mãos de estudiosos da Antigüidade, da Idade Média (parte dos quais em países islâmicos), e que foram reorganizadas pela posteridade.

Bibliografia
"História da Filosofia", Julián Marías, Martins Fontes, 2004.
"História da Filosofia", Bryan Magee, Edições Loyola, 2001.
"Dicionário de Filosofia", Nicola Abbagnano, Martins Fontes, 2000.

*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.
Revista Educação

Bossa nova


Chega de saudade

Bossa nova faz 50 anos, expõe o charme de Ipanema e se transforma em produto turístico diferenciado para o Rio de Janeiro
Sergio Adeodato
Banquinho, violão, roda de amigos. Descontração, alegria de um Rio de Janeiro em alto astral. As fotos antigas nas paredes guardam a memória dos áureos tempos; registram encontros históricos. Sentados despretensiosamente à mesa do antigo bar Veloso, na então Rua Montenegro, Tom Jobim e Vinícius de Moraes se inspiraram para compor a imortal Garota de Ipanema – ainda hoje uma das dez músicas mais conhecidas e tocadas no planeta. É ícone de um movimento musical que comemora 50 anos: a bossa nova, marco da identidade brasileira que encanta o mundo, promove o país lá fora e atrai atenções e dólares para o charmoso bairro carioca que preserva a “beleza que não é só minha” e o “doce balanço a caminho do mar”.

Ao longo das décadas, o velho botequim onde antigamente os clientes tomavam cerveja com tremoços e davam guaraná às crianças, passou a se chamar Garota de Ipanema; a rua ganhou o nome de Vinícius de Moraes, e o bairro se tornou cartão-postal obrigatório do Rio de Janeiro, cidade-berço da bossa nova. Oficialmente, o movimento nasceu em agosto de 1958, quando João Gilberto criou uma nova batida ao violão, misturando as raízes do samba à modernidade do jazz norte-americano, em Chega de Saudade. No começo, tratou-se de uma expressão cultural intimista, restrita a noitadas em apartamentos da Zona Sul carioca. Logo a bossa nova deixou os guetos, chegou às boates e bares e ganhou notoriedade. Encontros memoráveis eram realizados no Beco das Garrafas, em Copacabana, foco atual de projetos para a revitalização e a retomada do antigo apogeu. De lá, a turma da bossa nova costumava seguir para o restaurante Fiorentina, no Leme, onde encontrava ídolos como Ary Barroso – o autor de Aquarela do Brasil, um dos clientes mais assíduos, homenageado por uma estátua na calçada à porta do estabelecimento.

Não demorou e o novo ritmo começou a ter grande exposição no exterior, depois de ser incluído na trilha sonora do filme Orfeu Negro, lançado em 1959 pelo cineasta francês Marcel Camus e vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro. A partir de 1962, quando os brasileiros levaram a novidade ao palco do Carnegie Hall, em Nova York, o gênero ganhou interpretações de nomes internacionais famosos, como Frank Sinatra e Elvis Presley e conquistou definitivamente o mundo.

Retrato do Brasil no exterior

A bossa nova marcou a imagem do país – suas belezas naturais, suas expressões culturais e, principalmente, o peculiar jeito de ser brasileiro. “Não poderíamos ter um cartão-postal melhor”, afirma Rubem Medina, secretário especial de Turismo do Rio de Janeiro. “É uma marca muito forte e importante, capitalizada pelo turismo”. Tanto assim, que o ritmo cinqüentão foi nesse ano tema central da participação do país na Bolsa Internacional de Turismo (BIT), em Milão. O objetivo foi divulgar a Marca Brasil junto ao mercado italiano, o quarto do mundo e o segundo da Europa que mais emite turistas para os destinos brasileiros.

Dentro do país, diversas ações de marketing pegaram carona nesse aniversário, com lançamento de livros, exposições e shows comemorativos. Na capital carioca, a bossa nova, tombada como patrimônio cultural da cidade, se transformou em atrativo turístico – dos antigos bares onde o ritmo nasceu, às lojas de discos especializadas nessas canções e museus que guardam a sua história e hoje compõem roteiros culturais.

De todos os bairros cariocas, Ipanema é o que mais celebra o estilo de vida e as belezas cantadas por Tom, Vinícius e seus companheiros. Inspiradora, a paisagem pode ser apreciada de vários ângulos. Da Pedra do Arpoador, pedaço da praia freqüentado por surfistas, se avista o morro Dois Irmãos, a Pedra da Gávea e o Cristo Redentor – além, é claro, da imensidão do mar pontilhado por ilhas. No calçadão da sofisticada Avenida Vieira Souto, passarela de artistas globais e seus paparazzi, o carioca se exercita para manter o corpo em forma e a vida saudável. Essas areias, não raro disputadas palmo a palmo, constituem um cenário de várias tribos – da turma GLS em frente à Rua Farme de Amoedo aos jovens do badalado Coqueirão, point de rodas de “altinho” (um bate bola onde só não vale usar as mãos), redes de vôlei e moçada sarada, próximo ao Posto 9 e à Rua Vinícius de Morais.

Reduto de lojas de grife, como as existentes na Avenida Visconde de Pirajá e imediações, Ipanema não esconde o ar blasé que alia descontração e requinte para atrair endereços de charme. Entre os destaques, está o luxuoso Hotel Fasano, à beira da praia, no Arpoador, ambientado na bossa nova. Vizinho ao lobby funciona o restaurante Fasano Al Mare, criado há um ano por Rogério Fasano com especialidade em frutos do mar ao estilo mediterrâneo. A iniciativa arrasta novos projetos de sofisticação, como o Banana Café, tradicional ponto de encontro carioca dos anos 1980 e 1990, que reabriu em Ipanema sob o comando do chef Ronaldo Canha.

Atração turística

No aniversário dos 50 anos, a força da bossa nova dá asas à imaginação, com impactos no turismo. O escritor Ruy Castro, especialista na história desse movimento genuinamente nacional, costuma dizer que a bossa nova não pode ser condenada ao passado. “Ela está em todos os lugares, dentro e fora do Brasil”, afirma o autor, que lançou em 2006 o Rio Bossa Nova – um guia para o turista carregar debaixo do braço nas andanças pela cidade. Da Rua Nascimento Silva 107, famoso endereço de Tom Jobim, em Ipanema, ao apartamento da cantora Nara Leão em Copacabana e aos antigos redutos da boemia carioca, o tour reúne atrativos agora redescobertos. Alguns desses lugares, ao longo das décadas, mudaram de função ou, engolidos pela modernidade urbana, já não existem mais. Outros continuam de pé e se revitalizam. Revigorada, a bossa nova ganha espaço entre cantores e compositores da atual geração e, no rastro do turismo, deixa de ser apenas nostalgia. Chega de saudade!

Revista Host

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Como identificar se o seu filho é um superdotado



Manual produzido pela Secretaria da Educação de São Paulo ensina professores da rede pública a identificar um aluno superdotado em sala de aula - e as mesmas regras servem para os pais
Laura Lopes
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo lançou, em dezembro, o manual Um Olhar para as Altas Habilidades, que será distribuído aos professores da rede pública de ensino a partir de janeiro de 2009. A publicação ensina os docentes a identificar, em sala de aula, um aluno superdotado, com altas habilidades em alguma área, e fala sobre o que fazer para que seu talento seja desenvolvido. A organizadora, Christina Cupertino, psícóloga, enumera as principais características desses alunos, dá dicas de que tipo de comportamento é preciso observar e conta a experiência de outros professores que conseguiram fazer essas crianças e adolescentes desenvolverem suas habilidades.

O trabalho começou há um ano e meio, quando a Secretaria formou 270 docentes capazes de identificar tais alunos. Desde então, por meio do programa "Caça-Talentos", o número de alunos superdotados matriculados nas escolas públicas paulistas pulou de 97 para 397. Isso não quer dizer que o número de gênios está aumentando, mas que eles estão sendo identificados pelos professores. "Superdotado não é aquele estudante que tem facilidade de memorizar fórmulas e decorar datas, como a maioria pensa", afirma Maria Elisabete da Costa, diretora do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape), órgão da Secretaria responsável pela capacitação dos professores. "Ele é aquele que combina sensibilidade, criatividade e capacidade de criar e propor soluções novas para problemas na sala de aula".


Crianças superdotadas têm:


-alto grau de curiosidade
-vocabulário avançado para a sua idade
-liderança e autoconfiança
-grande interesse por um assunto e especial dedicação a ele
-ótima memória
-criatividade
-facilidade de aprendizagem
-alfabetização precoce
-excelente desempenho em uma ou mais disciplinas em comparação a seus pares
-habilidade para adaptar ou modificar idéias
-facilidade em fazer observações perspicazes
-persistência ao buscar um objetivo
-comportamento que requer pouca orientação do professor

Crianças que não são identificadas precocemente mostram-se:



-desinteressadas pela escola
-vulneráveis a críticas
-com problemas de conduta, como indisciplina
-questionadoras das regras










Algumas crianças podem ser precoces e parecer ter altas habilidades até os oito ou noves anos - quando acabam por se igualar aos colegas de sua faixa etária. Se esses talentos persistirem depois dessa idade, é muito provável que se trate de um superdotado. Por isso, alguns cuidados na identificação podem evitar confusões.

O superdotado apresenta três características, que devem ser freqüentes e duradouras, assim como a intensidade, persistência e consistência. São elas: habilidade acima da média, criatividade e compromisso com a tarefa.

A criança apenas precoce apresenta só um desses comportamentos (normalmente a habilidade).

A criança superdotada está sempre acima da média, enquanto a precoce se ajusta à média em algum momento da vida infantil.

As altas habilidades estão em várias áreas, não só no desempenho acadêmico ou científico.

Uma corrente pedagógica diz que não existe escola ideal e que as crianças superdotadas devem permanecer em classes regulares, estando adiantadas ou não. No entanto, o professor deve saber identificá-las e propor atividades extras.

Não se deve sobrecarregar o superdotado com tarefas, mas sim acompanhar e oferecer subsídios para o desenvolvimento de seu potencial - lembrando que as atividades não devem estimular apenas o potencial identificado. Mesmo que a criança goste de matemática, por exemplo, o ideal é incentivá-la a estudar português e praticar esportes, por exemplo;

Não transforme a criança num pequeno adulto, mesmo que ela seja excelente artista ou aluna.

Decidir se a criança deve pular ou não um ano na escola deve considerar também a maturidade, e não apenas a habilidade do aluno. Por isso, considere com cuidado a possibilidade de aceleração porque a educação não é apenas o conteúdo, é formação e vivência.

Não incentive a competição.



Fonte: Um Olhar para as Altas Habilidades - Construindo Caminhos, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo

Revista Época

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Quais foram os maiores desastres ecológicos do mundo?




por Rodrigo Ratier
Vários crimes contra a natureza são dolorosamente memoráveis. O primeiro a chamar atenção mundial foi a destruição atômica em Hiroshima e Nagasáki, no Japão, que matou pelo menos 150 mil japoneses e deixou o ambiente local radioativo por décadas. Outra tragédia nuclear, a explosão de um reator na usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, tirou a vida de 10 mil pessoas e afetou milhares de quilômetros de florestas. Outras tristes lembranças são os derramamentos de óleo no mar do Alasca, em 1989, e na costa espanhola, no ano passado. Ou o vazamento de gases tóxicos em Bhopal, na Índia, em 1984, considerado o pior acidente químico da história. Em nosso mosaico de desastres ecológicos, entraram fatos causados pelo homem que provocaram grande dano à natureza em um curto espaço de tempo.

"São catástrofes sérias por causa das perdas de vidas, mas são desastres pontuais. As verdadeiras tragédias ambientais ocorrem durante décadas e destroem ecossistemas locais", afirma a naturalista Dejanira de Franceschi de Angelis, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP). Exemplos disso são o avanço do buraco na camada de ozônio ou do efeito estufa, que podem comprometer a vida no planeta. Ou ainda o desmatamento das florestas brasileiras. Nos 503 anos de colonização, a Mata Atlântica perdeu 93% de sua cobertura original. Em um tempo bem menor - cerca de 30 anos - sumiram 20% da área da Amazônia e 80% do cerrado. "Esse último ecossistema deve levar milhões de anos para se recompor", diz o biólogo José Maria Cardoso da Silva, da ONG Conservation International.

Isso sem contar o lado invisível do drama da devastação: junto com as árvores e os animais mortos, desaparece também a vida microscópica. "Sem os microorganismos, a vida na Terra está seriamente comprometida", diz Dejanira.

Revista Mundo Estranho

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Dá para transformar lixo em energia?


por Rodrigo Ratier
Dá, sim. Se separarmos direitinho o lixo que tem bom potencial energético, os dejetos de uma cidade como São Paulo seriam suficientes para gerar energia para 400 mil casas! O principal segredo é tascar fogo no lixo – afinal, o calor das chamas também é uma forma de energia. Se o fogaréu for bem aproveitado em um processo controlado, a energia calorífica pode ser usada para produzir eletricidade, por exemplo. Tudo isso acontece em incineradores que utilizam o mesmo princípio de funcionamento de uma usina termelétrica, queimando um combustível fóssil para gerar energia. No nosso exemplo, a diferença é que o combustível queimado não é carvão, nem óleo, nem gás. É lixo. Até agora, essa tecnologia não aportou no Brasil. O país até tem incineradores, mas eles servem apenas para se livrar da sujeira – nenhum deles é adaptado para produzir energia. Por aqui, falta dinheiro para bancar o alto custo de uma instalação desse porte e vontade política para enfrentar as pressões dos grandes grupos de limpeza urbana, que muitas vezes gerenciam o lixo desde a varrição até o depósito final. "No Brasil, 99% dos dejetos seguem para aterros sanitários, sem gerar energia ou passar por qualquer reciclagem. Nas grandes cidades, a escassez de áreas para novos aterros se tornou um problema administrativo para as prefeituras", afirma o biólogo Hamilton João Targa, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo. Mas, mesmo nos aterros, daria para aproveitar pelo menos uma parcela do potencial energético do lixo. Bastaria pegar o metano gerado pelo processo de decomposição do lixo orgânico, encanar o gás e abastecer casas e indústrias, por exemplo. Há mais de 50 anos, os chineses empregam esse método utilizando biodigestores, equipamentos que fermentam controladamente o lixo orgânico. No Brasil, até esse tipo de iniciativa é raridade.

No japão, 62% do lixo vira energia.

Na suiça, 59%, na frança, 37%

No brasil? zero.
Revista Mundo Estranho.

Internacionalização da Amazônia

8/06/2008
Discurso de Cristovão Buarque.

Trata de um discurso durante um debate numa universidade dos Estados Unidos ” CRISTOVAM BUARQUE” foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia (idéia que surge com alguma insistência em alguns setores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros).

Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro.

Esta foi a resposta de Cristovam Buarque:

‘De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também a de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro… O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos,ela não pode ser queimada pela vontade de um dono ou de um país.
Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo.
O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar que esse património cultural, como o património natural Amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro,Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida.
Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo.

Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!’

Discurso feito pelo Chefe Seattle ao Presidente Franklin Pierce em 1854

(depois do Governo Americano ter dado a entender que desejava adquirir o Território da Tribo)
.

O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.

Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.

Minha palavra é como as estrelas - elas não empalidecem.

Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.

O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertecem à mesma família.

Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.

Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os riois são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.

Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.

Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou rescendendo a pinheiro.

O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.

O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensivel ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragância das flores campestres.

Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.

Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios ) matamos apenas para o sustento de nossa vida.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.

Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.

De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.

Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adoçicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.

Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças. Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.

Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam. Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.

Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã. Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.

Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteje-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

Tributo ao Gênio: Charles Spencer Chaplin

"Aos que me podem ouvir eu digo: `Não desespereis!' A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia, da amargura dos homens que temem o avanço humano..."

Muito raramente a palavra "gênio" pode ser empregada com tanta propriedade quanto ao nos referirmos a Charles Chaplin, comparado por muitos a William Shakespeare. Sim, se o renascimento produziu gênios do quilate de Shakespeare, Bacon, Da Vinci, Maquiavel, a revolução industrial produziu gênios como Freud, Marx, Chaplin...

Antonio Gramsci recomenda comparar o desenvolvimento interno de uma dada teoria filosófica à estruturação interna de uma religião como o catolicismo, por exemplo. Assim como há a alta teologia e o catecismo - ambos com o mesmo eixo temático, a diferença residindo apenas no nível em que a mesma mensagem é transmitida a públicos distintos - sugeria o filósofo italiano o surgimento de um "catecismo marxista", a fim de contribuir para acelerar o surgimento da consciência de classe para si do proletariado - evidentemente que tanto a mais elevada teoria marxista do conhecimento e o catecismo proposto guardando uma grande coesão interna.

Seguindo esta linha de raciocínio, podemos pensar em freqüências vibratórias. Muitos de nós podemos estar vibrando na mesma sintonia em que vibrava Chaplin, embora, claro, dificilmente com a mesma genialidade. Àqueles que conhecem e se importam com esta vibração, que poderíamos chamar inclusive de Alto Humanismo, recomendo observar de perto a história de vida do grande ator, diretor e produtor cinematográfico.

Nascido na Inglaterra nos últimos lustros do século XIX, a virada do século o encontra menino ainda, paupérrimo, envolto em severos problemas econômicos e domésticos. Filho de artistas fracassados, viu no teatro seu único campo de atuação humana possível. Começava a demonstrar seu enorme talento quando o cinema se impôs como a "sétima arte" atraindo-o irresistivelmente para Hollywood. Ao longo de toda a sua vida, protagonizou, dirigiu, produziu, escreveu e musicou mais de setenta filmes, a maioria dos quais mudos, mesmo quando o som ia se tornando uma obrigatoriedade dentro da "sétima arte". Chaplin não queria que a fascinante figura do "Tramp" * falasse. Quando o cinema falado pressiona-o a mais não poder, o "Tramp" abre a boca no mais sublime dos discursos humanistas jamais ouvidos. Dele selecionei pequeno trecho para epigrafar estas linhas. O famoso "Último Discurso" do filme O Grande Ditador, desmantela todas as absurdas teses do nazi-fascismo, reclamando ao humano o lugar que tanto merece.

Impossível a quem quer que seja falar em tantas coisas extraordinárias (compreendendo aqui a "fala" como discurso corpóreo também) sem ser pelos mais variados motivos vítima de intolerâncias e incompreensões. Por exemplo, Chaplin jamais se filiou a qualquer partido político, mas sua crítica mordaz a todas as formas de injustiça ou de brutalidade contra o humano - com particular ênfase à dimensão social - coloca-o claramente no campo da esquerda; seu perfeccionismo levava-o a passar dias e noites a fio envolvido no acabamento final de determinados detalhes de seus filmes; como era feito principalmente de sentimentos e somente circunstancialmente de razão **, apaixona-se desbragadamente por Hetty Moyra Kelly, então com dezesseis anos, de quem a vida o afasta cruelmente, sem que ele chegue a sequer tocá-la - e ele passa o resto de seus dias a buscá-la em todas as mulheres com quem se relaciona.

Chaplin atacava de maneira mordaz e genial toda e qualquer forma de autoritarismo, agradando a toda a gente que sempre acha sensacional "chutar o traseiro do guarda", levando contudo um certo desconforto aos representantes da lei e da ordem... De todo o modo, esta tem sido a tônica dos humanistas do século XX: viver entre as paixões políticas e a busca incansável daquela pessoa que é o complemento humano único e obrigatório de cada um que, quando Deus nos criou, fez com que fôssemos radicalmente dependentes de outrem na esfera mais íntima de nossa constituição física e psíquica.

Quando percebemos quem foi e o que pensou Charles Chaplin, percebemos como é brilhante aquele que nos leva ao humor pela dor (ou vice-versa, o que é quase a mesma coisa). Poucos conseguiram fazer planger as cordas da nossa sensibilidade com tal grau de maestria! Talvez por isso mesmo tenha sido expulso dos EUA, a "grande democracia"...

Além da básica filmografia especificamente de Chaplin, dentre os quais destacam-se O Garoto, Tempos Modernos, O Grande Ditador, e Luzes da Ribalta (este último verdadeiro "testamento poético" do grande gênio); há que se assistir também a Chaplin , do diretor britânico Richard Attenborough, referência obrigatória. Quando a mesquinhez do cotidiano ameaçar incomodar-nos, façamos como os surrealistas, refugiemo-nos no sonho, na fantasia, no delírio até - que muitas vezes encontramos mais traços de realidade no chamado delírio que nas vãs ilusões do cotidiano.
http://www.culturabrasil.pro.br/chaplin2.htm

O último discurso

“O Grande Ditador”

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Questão cultural dificulta erradicação do trabalho infantil

Babeth Bettencourt e Claudia Silva Jacobs

Tiago acha que "criança não deve ficar à toa"
Junto com o fator econômico, a questão cultural, a crença de que trabalhar é bom, é apontada pelos especialistas como um dos mitos que legitimam o trabalho infantil no Brasil.

Segundo o assessor especial do governo da Bahia para o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, o Peti, Frederico Fernandes de Souza, esta visão se sobrepõem às verdadeiras conseqüências desse trabalho.

"Esses mitos como: eu também trabalhei quando criança, meu pai trabalhou... isso só reforça esta cultura de que é normal criança trabalhar. Mas o que acontece normalmente é que o trabalho precoce prejudica a escolarização das crianças e uma futura colocação no mercado de trabalho."

Para alguns especialistas, esta questão cultural é um dos maiores obstáculos para erradicar o trabalho infantil no Brasil.

Prevenção dos males

Mario Volpi, oficial de programas do Unicef, o Fundo da ONU para a Infância e Adolescência diz que esta idéia está já incutida na sociedade.

"As familias, principalmente as mais pobres, vêem a questão do trabalho como uma forma de livrar a criança, o adolescente da marginalização, da exclusão social, do envolvimento com drogas. É essa visão cultural que deposita no trabalho uma forma de prevenção dos males."

"O trabalho educativo, de mostrar para essas famílias que mantêm seus filhos trabalhando que vale mais a pena mandá-los para a escola, é o grande desafio. Hoje, há na cultura geral um mito de que o trabalho é bom. O trabalho é bom, desde que ele seja na fase correta, na medida certa, na função adequada à fase da vida que a pessoa vive", completa.

Tiago, de 14 anos, que freqüenta um dos polos do Peti em Itaguaí, no Rio de Janeiro, é um exemplo de como esta crença é forte, principalmente em camadas mais pobres da população.

"Quando a gente chega à adolescência, se a gente está ocupado com alguma coisa, a gente não pensa em fazer besteira. Como eu, que trabalhava, ia para a escola e à noite, às vezes, eu ficava para brincar."

Ao responder onde ele ouviu que criança deve trabalhar, ele disse: "Eu aprendo com as pessoas falando na rua. Gente mais velha, que dá o exemplo para nós. Se a gente estiver ocupado, nunca vai ficar pensando em fazer besteira."

Tiago se referia claramente às drogas, contando o caso de meninos da vizinhança que pulavam o muro de seu colégio para fumar maconha.

"Para ajudar"

Marcos Vinicius, de Belo Horizonte, também acha que crianças como ele, que tem apenas 12 anos de idade, devem trabalhar.

"Eu catava latinhas aqui em Belo Horizonte. É um bom trabalho, melhor do que ficar à toa", diz ele.

Para a oficial de programas do Unicef, America Ungaretti, esta cultura de que trabalhar é bom não se restringe apenas às camadas mais populares.

"Existe um aspecto cultural ainda muito forte no Brasil, tanto nos setores populares, que acham melhor estar aqui do que na rua, fazendo coisa que não deve, como grande parte da sociedade brasileira que não é pobre, mas continua a ter esta percepção de que não faz mal nenhum criança trabalhar."

Aprendizado

No Rio Grande do Sul, por exemplo, nas regiões de fumicultura, é comum os filhos ajudarem os pais no plantio. A cultura do tabaco, em geral, é feita em pequenas propriedades, em regime familiar.

"A atividade dos filhos na lavoura hoje é necessária para que este jovem aprenda a lidar com a terra, porque não há escolas de técnicas agrícolas na região. O filho só aprende na lavoura, com o pai. O que se quer evitar é que o filho se torne uma necessidade na lavoura do pai, que seja considerado mão-de-obra", explica Claudio Menezes, o auditor fiscal da Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul.

"Em contrapartida, a gente tem que ver que eles não fazem isso porque são maus, porque não gostam de seus filhos, ou porque acham que o destino dessa crianças é ficar escravo do trabalho. A questão é, ou o filho auxilia o pai, ou não aprende a lidar com a agricultura", conclui.

America Ungaretti, do Unicef, lembra que deve demorar até que este problema seja resolvido.

"Essas questões de atitude, comportamentos e práticas não mudam rapidamente. É preciso gerações para alterar essa situação."

Mas, o esforço educativo está dando alguns resultados.

Gislaine, de 13 anos, que até pouco tempo atrás não podia brincar porque tinha que tomar conta do irmão mais novo, já aprendeu a lição.

"Trabalho é coisa para adulto! Criança não, ainda tem muito que aprender. Ainda falta muita vida para que elas aprendam a trabalhar."
BBC Brasil - 2003

Brasil piora no ranking da corrupção

Entidade internacional afirma que casos de escândalos envolvendo parlamentares, servidores públicos e funcionários de sindicatos contribuíram para tornar o País mais corrupto. Além disso, falta de punição para esses criminosos deve fazer com que os indicadores de corrupção aumentem
por RODRIGO GALLO

A afirmação pode até parecer óbvia, mas é mais grave e complexa do que aparenta: o problema da corrupção no Brasil realmente é um dos piores do mundo. Segundo uma pesquisa divulgada recentemente pela Transparency International, órgão internacional que realiza levantamentos para verificar os índices de transparência dos governos, o País caiu duas posições no ranking, passando da 70ª para 72ª posição - de um total de 180. Com isso, a nação ficou atrás de Senegal, Israel, Catar e Emirados Árabes.

Caso os escândalos e a corrupção envolvendo políticos do Congresso e do governo brasileiro continuem, a posição na lista deve cair mais em 2008.

A entidade analisou a corrupção em países de todos os continentes e, em seguida, elaborou uma lista partindo do menos para corrupto, baseando-se em índices que variam de 10 (mais transparentes) para 0. A constatação é que as nações em que há menos corrupção são as escandinavas. Dos dez primeiros colocados, há cinco nórdicos: Dinamarca, Finlândia, Suécia, Islândia e Noruega (veja quadro Ranking da corrupção).

País cai duas casas principalmente
por conta de escândalos de desvio
de dinheiro público envolvendo políticos

O Brasil caiu duas casas principalmente por conta de escândalos de desvio de dinheiro público envolvendo políticos, como o caso do mensalão. Agora, o País divide a pontuação de 72ª da lista com México, Peru, Marrocos, China, Índia e Suriname. A Transparency International reconhece que o governo brasileiro tem feito esforços para tornar o País mais transparente e, com isso, combater a corrupção. Para isso, tem criado novas leis de governança. Porém, o órgão afirma que os escândalos ainda são exagerados e sem punição dos envolvidos.

Isso mostra que, para reduzir os índices de corrupção, não basta apenas desenvolver medidas para controlar o desvio de verba pública. É necessário que, em casos comprovados de ilegalidade, haja punição rigorosa de todos os envolvidos, como a perda de mandatos e direitos políticos, repatriação do dinheiro roubado e, em algumas circunstâncias, até mesmo prisão dos responsáveis. Porém, no Brasil, muitos desses corruptos continuam impunes por falta de provas e permanecem exercendo suas funções públicas.


Segundo a presidente da Transparency International, Hughette Labelle, o relatório da entidade serve, na verdade, para medir a percepção da corrupção nos países. Sendo assim, a transparência nas decisões políticas e distribuição de recursos é essencial - coisa que nem sempre ocorre no Brasil.

PARA CHEGAR AO ranking final, a Transparency International elaborou um índice numérico: quanto maior o número concedido ao país, menor o grau de corrupção. Para isso, a entidade baseia-se em outros dados, como pesquisas elaboradas pelo Banco Mundial e Fórum Econômico Mundial. O índice também leva em conta o espaço para a ação civil dentro da sociedade e os direitos de participação política. Nenhuma nação, no entanto, recebeu a nota máxima. O primeiro país da lista, a Dinamarca, recebeu a nota 9.4 da entidade. O último colocado, por outro lado, é a Somália, que ficou com um índice 1.4. O Brasil, na 72ª posição, ficou com 3.5. Sendo assim, o País está mais perto dos mais corruptos do que dos mais transparentes.

O cientista político Bruno Speck, doutor pela Universidade de Freiburg (Alemanha) e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), diz que é preciso aperfeiçoar os mecanismos de controle do Estado para frear os problemas de corrupção. Ele acredita que pequenas mudanças institucionais e maior participação da sociedade no controle dos gastos públicos podem contribuir mais para combater políticos corruptos do que grandes reformas na estrutura política do País.

De todos os casos de corrupção envolvendo deputados, senadores, funcionários de partidos políticos e membros do governo, o que mais causou repercussão nos últimos anos foi o chamado mensalão. Em 2005, o então deputado federal Roberto Jeff erson (PTB) foi à público denunciar que ele e mais alguns parlamentares recebiam uma suposta 'mesada' do governo federal em troca de apoio. Na época, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alegou não saber da existência do pagamento dessa propina. O resultado disso foi a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso, que culminou na cassação do mandado de alguns políticos e na renúncia de outros, a chamada defesa corporativa - amparados pela lei, eles decidiram abandonar o cargo para ter direito de se candidatar nas eleições seguintes.
Revista Sociologia
Mesmo com a punição de alguns culpados, o problema serviu para agravar a situação do Brasil na lista da Internacional Transparency. Quando o caso do mensalão estourou, o País ocupava a 62ª posição no ranking. Em 2006, por conta do aumento da corrupção, já ocupava o 70º lugar e, na última divulgação da lista havia caído para o 72º. Speck argumenta que a absolvição no Congresso do senador Renan Calheiros, acusado de desviar recursos públicos para o pagamento de pensão a Mônica Veloso, com quem teve um filho fora do casamento, deve abalar ainda mais a credibilidade do Brasil perante os outros países. O País corre o risco de cair mais um pouco no ranking do próximo ano.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

VESTIBURRADAS - Martin Luther King

- Foi um dos primeiros baixistas, pode-se dizer que ele introduziu um instrumento, o jazz. E com suas músicas, a maneira de tocar o instrumento deu origem ao ritmo pop, o qual foi criado décadas depois devido à influência de Martin.
- Foi presidente dos EUA, e por ser negro, representou um símbolo na luta contra o racismo e pelo fim da escravidão, na época colonial americana, frente à Inglaterra. Morreu assassinado.
- Filósofo do século XVIII, no Iluminismo (3 vezes)
- Grande nome da Antiguidade.
- Martin Luther King travou lutas difícieis (sic) em busca de sua primacia absoluta pelo poder. Ganhou grande parte dessas lutas, conseguindo assim o trono europeu.
- Foi um líder revolucionário que comandava um grupo chamado Ku Klux Klan.
- Pregava, assim como os preceitos nazistas, a preponderância da raça branca.
- Assassinou milhares de negros.
- Alterofilista recordista mundial (posteriormente seu recorde foi superado).
- Líder da revolução literária.
- Jornalista inglês.
- Filósofo inglês.
- Era líder de uma seita na China.
- Foi o idealizador do Protestantismo.
-Ditador que politizava toda a estrutura de um país, e a sua forma se deve, principalmente, aos métodos e aquisições lançados por ele no decorrer de seu "mandato."

Quanto tempo dura um prédio?

por Tarso Araújo
Um prédio dura de 50 a 100 anos, mas esse período depende de como ele é feito, usado e mantido. A parte estrutural, geralmente feita de concreto armado, mantém o prédio de pé enquanto estiver firme. Mas, se ela balançar... "Vigas deformadas ou rachaduras nos pilares são critérios importantes para se interditar um edifício", diz o engenheiro civil da USP Vanderlei John, especialista em durabilidade de materiais. Mas muito antes de cair o prédio pode se tornar um lugar perigoso. Veja abaixo como acontece esse processo de "decomposição".

Duro de matar
Sol, chuva, umidade e fungos detonam os materiais que sustentam um edifício
Telhado

Durabilidade - 10 anos a séculos

O vento pode levar tudo embora em dias. Mas, se isso não rolar, a durabilidade depende do material: as telhas de aço resistem 20 anos; as de amianto duram até 40 anos; e as de barro ficam lá por séculos

Metal

Durabilidade - 10 a 50 anos

Até os anos 80, a tubulação era de aço galvanizado, que enferrujava em 20 anos, causando vazamentos e aquela cor marrom na água. Os canos de PVC ou cobre substituíram o aço e duram mais de 50 anos

Cerâmica

Durabilidade - Indefinida

Peças de cerâmica, como pias, podem durar séculos. Com algumas décadas, elas perdem o brilho, mas seguem firmes. O mesmo vale para azulejos e tijolos - o risco é que, se malfeitos, podem absorver água e desmanchar

Concreto armado

Durabilidade - 50 a 100 anos

O concreto armado é uma armação de barras de aço preenchida de concreto (mistura de água, cimento, pedra e areia). Quando o cimento absorve o CO2 do ar, a mistura fica ácida e corrosiva

Vigas

Durabilidade - 50 a 100 anos

Quando o cimento ácido corrói a viga, o aço fica hidratado e ganha volume, fica quebradiço e "incha". Como o concreto não é elástico, o aumento de volume das vigas faz com que ele rache, esfarele e caia

Tinta

Durabilidade - 5 a 10 anos

A tinta é a primeira camada de proteção do prédio. Com a umidade do ar, fungos e bactérias crescem e se alimentam dela, um derivado de petróleo que eles adoram. A luz do sol também descasca a tinta

Vidro

Durabilidade - Indefinida

Apesar da fragilidade aparente, os vidros são duros de roer. Por serem feitos de sílica, material que não reage com outros, eles não sofrem decomposição. Pancadas, terremotos e vento são ameaças remotas

Madeira

Durabilidade - Varia com o clima

Em até cinco anos, o sol resseca a madeira e a deixa com cara de pele de jacaré. Com a umidade, ela se enche de fungos e apodrece. Nas tábuas menos resistentes, a vida útil é de apenas alguns anos

Argamassa

Durabilidade - 20 a 30 anos

A argamassa, uma mistura de cimento com outros materiais, sofre com as mudanças de temperatura e perde a "liga" depois de uns 20 anos. Aí, as coisas coladas nela, como azulejos, caem no chão e quebram

Fundações

Durabilidade - Indefinida

Como há pouco oxigênio no subsolo, as fundações de um prédio ficam protegidas da corrosão e são a última parte a ruir. A não ser que lençóis de água contaminados ou dejetos industriais dissolvam as fundações
Mundo Estranho

Qual é a diferença entre asma, rinite, bronquite e sinusite?


por Luiz Fujita
A diferença é a região do corpo que cada uma afeta. “Tudo o que termina em ‘ite’ significa uma inflamação, e o resto do nome indica o local atingido”, diz Carlos Carvalho, médico do Hospital das Clínicas de São Paulo. Todas essas doenças são causadas por um agente físico, da poluição ao pólen das flores. Quando o tal agente estranho entra em contato com alguma mucosa (pele que reveste partes internas do corpo), o organismo aciona mecanismos de defesa que podem resultar em uma inflamação, e aí se configura a doença. A asma é um pouco diferente. O nome vem de asthma, palavra em grego que significa sufocação, e é uma predisposição do organismo de certas pessoas a reagir ao elemento irritante de uma forma bem mais grave.

ATCHIM E ESPIRRO
Inflamações provocam caos nas vias aéreas, das cavidades do crânio ao pulmão

RINITE
Região atingida: Mucosas que revestem as cavidades do crânio. Inflamada, a mucosa incha, o nariz entope e produz coriza
Tratamento: Uma boa assoada já expele o agente invasor. Se o problema persistir, pode ser necessário usar descongestionantes e antiinflamatórios
Curiosidade: Os ácaros, parentes microscópicos das aranhas que vivem em locais quentes das casas, são vilões da rinite

SINUSITE
Região atingida: Seios faciais (buracos ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos). Inflamadas, essas cavidades acumulam secreções, entopem e dão dor de cabeça, febre e coriza espessa
Tratamento: Descongestionantes e antiinflamatórios. Nos casos mais graves, antibióticos são necessários
Curiosidade: O agente não sai com uma assoada, e, por isso, pode causar uma inflamação maior ou cair no sangue e se espalhar

BRONQUITE
Região atingida: Brônquios (tubos que conduzem o ar da traquéia até os alvéolos). Ficam contraídos e cheios de secreção
Tratamento: Antiinflamatórios e broncodilatadores, que abrem os brônquios e melhoram o fluxo de ar. Xaropes expectorantes ajudam
Curiosidade: Mais de 90% dos casos de bronquite crônica estão relacionados ao tabagismo. Os fumantes com a doença tossem o tempo todo

ASMA
Região atingida: Brônquios, que, contraídos, dificultam a passagem do ar
Tratamento: Usam-se broncodilatadores (que podem vir na forma das famosas bombinhas) e antiinflamatórios
Curiosidade: Sabe os filmes em que alguém tem uma crise após uma situação nervosa? Nada a ver. O gatilho é sempre algo físico, como a poeira


O FIM DAS BOMBINHAS
A partir de 2009, bombas com spray serão substituídas

As bombinhas, históricas aliadas dos asmáticos, estão com os dias contados. Feitas de um spray que utiliza CFC (o gás que destrói a camada de ozônio), até 2009 terão de sair de circulação no Brasil.

1. A parte de baixo da bombinha guarda pó seco – pode ser um corticóide (como a budesonida), um broncodilatador (como o formoterol) ou uma combinação desses dois

2. O asmático aperta um botão na lateral, que fura as cápsulas com o pó, e só então aspira a substância pela boca. O pó cai no sangue, que leva o remédio aos pulmões
Revista Mundo Estranho