sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Como identificar se o seu filho é um superdotado



Manual produzido pela Secretaria da Educação de São Paulo ensina professores da rede pública a identificar um aluno superdotado em sala de aula - e as mesmas regras servem para os pais
Laura Lopes
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo lançou, em dezembro, o manual Um Olhar para as Altas Habilidades, que será distribuído aos professores da rede pública de ensino a partir de janeiro de 2009. A publicação ensina os docentes a identificar, em sala de aula, um aluno superdotado, com altas habilidades em alguma área, e fala sobre o que fazer para que seu talento seja desenvolvido. A organizadora, Christina Cupertino, psícóloga, enumera as principais características desses alunos, dá dicas de que tipo de comportamento é preciso observar e conta a experiência de outros professores que conseguiram fazer essas crianças e adolescentes desenvolverem suas habilidades.

O trabalho começou há um ano e meio, quando a Secretaria formou 270 docentes capazes de identificar tais alunos. Desde então, por meio do programa "Caça-Talentos", o número de alunos superdotados matriculados nas escolas públicas paulistas pulou de 97 para 397. Isso não quer dizer que o número de gênios está aumentando, mas que eles estão sendo identificados pelos professores. "Superdotado não é aquele estudante que tem facilidade de memorizar fórmulas e decorar datas, como a maioria pensa", afirma Maria Elisabete da Costa, diretora do Centro de Apoio Pedagógico Especializado (Cape), órgão da Secretaria responsável pela capacitação dos professores. "Ele é aquele que combina sensibilidade, criatividade e capacidade de criar e propor soluções novas para problemas na sala de aula".


Crianças superdotadas têm:


-alto grau de curiosidade
-vocabulário avançado para a sua idade
-liderança e autoconfiança
-grande interesse por um assunto e especial dedicação a ele
-ótima memória
-criatividade
-facilidade de aprendizagem
-alfabetização precoce
-excelente desempenho em uma ou mais disciplinas em comparação a seus pares
-habilidade para adaptar ou modificar idéias
-facilidade em fazer observações perspicazes
-persistência ao buscar um objetivo
-comportamento que requer pouca orientação do professor

Crianças que não são identificadas precocemente mostram-se:



-desinteressadas pela escola
-vulneráveis a críticas
-com problemas de conduta, como indisciplina
-questionadoras das regras










Algumas crianças podem ser precoces e parecer ter altas habilidades até os oito ou noves anos - quando acabam por se igualar aos colegas de sua faixa etária. Se esses talentos persistirem depois dessa idade, é muito provável que se trate de um superdotado. Por isso, alguns cuidados na identificação podem evitar confusões.

O superdotado apresenta três características, que devem ser freqüentes e duradouras, assim como a intensidade, persistência e consistência. São elas: habilidade acima da média, criatividade e compromisso com a tarefa.

A criança apenas precoce apresenta só um desses comportamentos (normalmente a habilidade).

A criança superdotada está sempre acima da média, enquanto a precoce se ajusta à média em algum momento da vida infantil.

As altas habilidades estão em várias áreas, não só no desempenho acadêmico ou científico.

Uma corrente pedagógica diz que não existe escola ideal e que as crianças superdotadas devem permanecer em classes regulares, estando adiantadas ou não. No entanto, o professor deve saber identificá-las e propor atividades extras.

Não se deve sobrecarregar o superdotado com tarefas, mas sim acompanhar e oferecer subsídios para o desenvolvimento de seu potencial - lembrando que as atividades não devem estimular apenas o potencial identificado. Mesmo que a criança goste de matemática, por exemplo, o ideal é incentivá-la a estudar português e praticar esportes, por exemplo;

Não transforme a criança num pequeno adulto, mesmo que ela seja excelente artista ou aluna.

Decidir se a criança deve pular ou não um ano na escola deve considerar também a maturidade, e não apenas a habilidade do aluno. Por isso, considere com cuidado a possibilidade de aceleração porque a educação não é apenas o conteúdo, é formação e vivência.

Não incentive a competição.



Fonte: Um Olhar para as Altas Habilidades - Construindo Caminhos, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo

Revista Época

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